
Milagros de Santiago el Mayor, 1441
Fuente: https://www.researchgate.net/
A história do Caminho de Santiago remonta à Idade Média, quando o túmulo do apóstolo Santiago Maior foi descoberto na Galícia. Essa descoberta desencadeou uma onda de peregrinações de toda a Europa, tornando Santiago de Compostela um dos centros de peregrinação mais importantes, juntamente com Roma e Jerusalém.
A jornada da filosofia de gestão pode ser analisada por uma lente inesperada: a história das peregrinações religiosas. Por séculos, religiões monoteístas promoveram peregrinações sagradas para unificar os fiéis e reforçar um único caminho de autoridade. Este modelo, visto pela ótica da gestão moderna, é de autoridade centralizada e ação codificada.
O Protestantismo, contudo, introduziu um conceito revolucionário: a jornada espiritual descentralizada. Ele empoderou o indivíduo a encontrar seu próprio caminho para a fé, sem uma peregrinação única e obrigatória. Essa mudança de “o” caminho para “meu” caminho tem profundas implicações para a gestão moderna. Representa a transição de uma estrutura de comando e controle hierárquica para uma que valoriza a autonomia individual e a inovação.
Nos negócios, isso se traduz inicialmente numa fase de empoderamento. Líderes incentivam os funcionários a “encontrar seu próprio caminho” para resolver problemas. Essa abordagem descentralizada pode gerar avanços criativos e fomentar uma cultura empresarial.
No entanto, uma armadilha sutil, mas significativa, aguarda. Uma vez que um processo bem-sucedido é descoberto — ou seja, quando o “caminho” de uma pessoa se mostra altamente eficaz —, ele é frequentemente codificado e imposto a todos. O “caminho” inovador se torna a “camisa de força” da eficiência. A autonomia Protestante que levou à inovação foi sufocada em nome da padronização e de uma mentalidade de “sem desvios, sem desperdício”.
O desafio para os líderes modernos é gerenciar essa tensão. Devemos criar sistemas que celebrem tanto a jornada de exploração quanto o destino eficiente. O objetivo não é escolher entre peregrinação e inovação, mas construir uma organização onde ambas possam prosperar — onde uma prática ideal não é uma lei permanente, mas um ponto de partida para a próxima grande jornada.
