A solidão é uma arma quente – Ricardo Martins
leer en español
Ao mergulhar em algumas pinturas de Edward Hopper, garrei-me a pensar na solidão. Ao ver pessoas solitárias sob a luz do sol, senti o quanto a solidão pode ser - parodiando o título de uma música dos Beatles - uma arma quente.
Ela não tem de ter fria, distante ou angustiante.
Gosto da solidão. Gosto de poder, em alguns instantes de minha vida, rejeitar a presença ser humano. De deixar de ser um indivíduo social. De ter a doce ilusão de não pertencer a um rebanho.
Aprecio os momentos da solidão em que sinto minha dor sozinho. Que encaro meus tormentos e minhas alegrias. Meus fracassos. Meus prazeres. Aprecio ouvir a ausência de uma voz. De não ter de me justificar.
A solidão me permite ouvir o ruído de meu corpo. O silêncio do meu cérebro. O ruído do mundo
Apr...