Colecionador de sombras, por Alfredo Behrens
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O flash queimou branco. Pronto. Retrato número cento e sessenta e um.
"Perfeito, Sr. Douglass," disse o fotógrafo.
Douglass assentiu. Sentiu o vazio familiar crescer. Isso era guerra. Não com rifles. Com imagens.
Noite em Cedar Hill. Sua casa em Washington permanecia silenciosa. Outrora um escravo. Agora o americano mais fotografado do seu século. Fatos importavam. A verdade importava mais.
Ele tocou o espelho. Algo faltando agora.
O primeiro daguerreótipo em '41 havia aterrorizado os proprietários de escravos. Um homem negro em um terno. Costas eretas. Olhar direto. Punhos cerrados. Sem submissão. Sem olhos baixos. Apenas dignidade. Apenas humanidade. Apenas fato.
O poder veio imediatamente. Americanos brancos olhavam fixamente para seus retratos...